Região nordeste do rio grande do sul e seu provável primeiro contato com a civilização europeia teve início quando o Continente de São Pedro ainda nem existia e pertencia ao Reino da Espanha, por força do Tratado de Tordesilhas celebrado entre o Reino de Portugal e Reino de Espanha no ano de 1493. Pelo tratado todas as terras descobertas ao leste do meridiano, pertenceriam ao reino de Portugal e a Oeste ao Reino da Espanha. Assim, quando o Brasil foi descoberto, as terras portuguesas teriam seus limites no litoral do atual estado de Santa Catarina e as terras onde hoje é o estado do Rio Grande do Sul, nesse caso pertenciam ao Reino da Espanha. No entanto, depois do descobrimento do Brasil a partir do momento que começou a conquista em direção ao sul nas novas terras, a coroa Portuguesa estabeleceu que todas as terras localizadas a esquerda do Rio da Prata pertenceriam a Portugal.
Desde então o extremo sul do Brasil se tornou uma região de conflitos mesmo antes de sua ocupação pelos portugueses. Por volta de 1626 os padres da Companhia de Jesus, atravessaram o Rio Uruguai e fundaram as primeiras reduções Jesuítas as margens dos rios Taquari e Cai. Foi quando o padre Cristóvão de Mendoza introduziu a criação do gado na então, futura Província de São Pedro do Rio Grande do Sul.
Nesse período o padre Cristóvão de Mendoza tentou fundar uma redução no atual distrito de santa Lúcia do Piai (Caxias do Sul), mas não teve sucesso, tendo sido martirizado e morto pelos índios no ano de 1635.
O Tratado de Tordesilhas foi assinado entre os Reino de Portugal e Reino de Espanha, em Tordesilhas no dia 7 de Junho de 1494. O tratado definia como linha de demarcação o meridiano 370 léguas a oeste da ilha de Santo Antão no arquipélago de Cabo Verde. Esta linha estava situada a meio-caminho entre estas ilhas (então portuguesas) e as ilhas das Caraíbas descobertas por Colombo. Os territórios a leste deste meridiano pertenceriam a Portugal e os territórios a oeste, à Espanha. O tratado foi ratificado pela Espanha a 2 de Julho e por Portugal a 5 de Setembro de 1494
Cristóbal de Mendoza Orellana, conhecido como Cristóvão de Mendoza (Crsistóvão de Mendoça) nasceu em Santa Cruz de La Sierra em 1590 e foi martirizado e morto pelos índios Kaingangs (caiancangues) em 26 de Abril de 1635 na localidade de Santa Lúcia do Piai em Caxias do Sul. Descendia de família fundadora de Santa Cruz - Manrique de Lara e Orellano. Quando completou a maioridade entrou para a Companhia de Jesus e foi ordenado em 1630. Fundador da redução de São Miguel Arcanjo, no Rio Grande do Sul e introdutor do gado no sul do Brasil.
(Borba 1908:20-21).
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OS KAINGANGS
O MITO KAMÉ E KAIRU
Em tempos idos, houve uma grande inundação que foi submergindo toda a terra habitada por nossos antepassados. Só o cume da serra Crinjijimbé emergia das águas. Os Caingangues, Cayrucrés e Camés nadavam em direção a ela levando na boca achas de lenha incendiadas. Os Cayrucrés e os Kamés cansados, afogaram-se; suas almas foram morar no centro da serra… Depois que as águas secaram, os Caingangues se estabeleceram nas imediações de Crinjijimbé. Os Cayrucrés e camés, cujas almas tinham ido morar no centro da serra, principiaram a abrir caminho pelo interior dela; depois de muito trabalho chegaram a sair por duas veredas (Borba 1908:20-21).
Telêmaco Borba coletou, em 1882, o mito de origem do povo Kaingang. O mito narra a história dos irmãos mitológicos Kamé e Kairu que, após o grande dilúvio, saíram do interior da serra Crinjijimbé. Dentre muitos aspectos simbólicos dos Kaingang o mito de origem sustenta ainda hoje muitas das tradições dessa cultura. O povo entende que tudo que há na terra – plantas animais e tudo que existe, e até fora dela – a lua, o sol, as estrelas – foi gerado por um dos irmãos mitológicos. O “Sistema de Metades” existe para que haja equilíbrio e contínua reciprocidade entre os dois clãs
ANTIGOS HABITANTES DA REGIÃO DO CAMPO DOS BUGRES ERAM ÍNDIOS DA FAMÍLIA LINGUÍSTICA JE, TRONCO LINGUÍSTICO MACRO-JÊ. NÔMADES, COSTUMAVAM MONTAR SUAS ALDEIAS EM DIVERSOS LUGARES DURANTE ALGUM PERÍODO.
UMA DE SUAS PRINCIPAIS FONTES DE ALIMENTAÇÃO ERA O PINHÃO DO PINHEIRO ARAUCÁRIA, ABUNDANTE NA REGIÃO.
PROFUNDO RESPEITO AOS MORTOS E A TERRA ONDE NASCERAM E TINHAM COMO HÁBITO, ENTERRAR OS UMBIGOS DOS RECÉM NASCIDOS.
OS KAINGANGS CHEGARAM AO SUL DO BRASIL APROXIMADAMENTE HÁ 3.000 ANOS. A PARTIR DO ANO DE 1870, COM OS PREPARATIVOS PARA A COLONIZAÇÃO DA SERRA GAÚCHA, O GOVERNO IMPERIAL CONTRATOU BUGREIROS (matadores de índios) PARA “ESPANTAR” OS ÍNDIOS PARA FORA DA REGIÃO. A MAIOR PARTE DE SUA POPULAÇÃO FOI EXTERMINADA
Hoje, os Kaingang vivem em mais 30 Terras Indígenas nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e pelo leste das Missões Argentinas
OS CAÁGUAS
UM POVO MUITO PRIMITIVO QUE VIVIA NA REGIÃO DOS APARADOS DA SERRA. OS CAAGUAS ERAM UM POVO PACÍFICO, ÚLTIMOS REMANESCENTES DOS SAMBAQUIS. VIVIAM EM CAVERNAS OU CABANAS FEITAS EM BURACOS DENTRO DA TERRA, NÃO FALAVAM, COMUNICAVAM-SE ENTRE SI ATRAVÉS DE GRUNHIDOS E GRITOS. FORAM DIZIMADOS PELOS KAINGANGS E PELOS BANDEIRANTES. OS POUCOS SOBREVIVENTES FORAM LEVADOS PELOS JESUÍTAS PARA AS MISSÕES NO FINAL DO SÉCULO XVIII.