A COLONIA CAXIAS E SEUS
ENTRELAÇOS
Na história da
colonização de Caxias, os entrelaços que deram origem a miscigenação de
nosso povo, tiveram início nas primeiras décadas da criação da colônia através dos imigrantes solteiros ou dos filhos dos imigrantes. Como se sabe,
para o Campo dos Bugres não vieram apenas italianos, havia entre eles,
imigrantes de outras nacionalidades e a colônia já era habitada por trabalhadores
e funcionários do governo que tinham se fixado com a missão de preparar a colônia
para a chegada dos imigrantes. A maior parte desses trabalhadores e funcionários
era de origem portuguesa, alemã e alguns de origem espanhola. Nos primeiros
anos após a chegada, começaram os namoros entre filhos dos imigrantes italianos
com filhos de imigrantes de outras nacionalidades, assim como os de origem
portuguesa que faziam parte do grupo de trabalhadores do governo e já estavam
estabelecidos na colônia. Também com alemães que já eram imigrantes mais
antigos e viviam nas redondezas, no Vale do Cai nas cidades de Bom Princípio,
Feliz e São Sebastião do Cai. Através dessas histórias de amor em nossos
primórdios tempos, se constituíram as novas famílias, algumas de puros
italianos, mas a maioria de miscigenados, realizando-se o objetivo do Imperador.
Pedro IIº que ao botar em prática a colonização por imigrantes, desejava a
miscigenação de nossa raça.
A origem desses entre laços foi movida por um único sentimento: O AMOR.
Talvez nem seja exagero dizer que é um sentimento que move tudo,
amar e ser amado.
É por amor que os pais incentivam seus filhos a buscar a
felicidade e é por amar aos seus pais que os filhos buscam essa felicidade. Por
amor os pais sonham ver seus filhos felizes e os filhos buscam a felicidade no
amor. É um ciclo eterno. O amor gera os sonhos e os sonhos geram amor.
Somos frutos de amores passados, em nossos genes está à semente
dos amores futuros através de nossos descendentes.
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Os noivos eram levados em charretes até a igreja |
Na praça Dante, nos dias de festas em redor do coreto, nasciam grandes paixões
Essa página tem como finalidade exibir, com um simples
exemplo, a importância dessas pequenas histórias de amor na história de nossa
cidade e na criação de seu povo. Para esse exemplo, entre milhares no início da
colonização, vou usar como protagonistas meus avos paternos. Não por uma
questão de genealogia familiar, mas por ser um exemplo característico, por eu
conter dados suficientes e direitos para usá-los. Além disso, nada melhor do
que contar a história de amor do principal personagem desse blog, Domingos
Mancuso alguém que gravou em imagens, muitas histórias de amor, através e seus
retratos de casamentos e a razão pela qual se fixou em Caxias, o seu próprio
namoro e casamento. Domingos Mancuso e sua história conjugal.
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Auto retrato de Domingos enviado de Porto Alegre para Cecília em 1908 com juras (discretas, como era costume na época) de amor. |
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Domingos |
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Cecília |
Domingos Mancuso chegou ao Brasil, quando tinha apenas 2
anos de idade, junto com seus pais e irmãos, no ano de 1887 e sua família se
estabeleceu em Porto Alegre. Não
se sabe exatamente quando, mas provavelmente em torno dos anos de 1902 ou 1903,
Domingos aprendeu o ofício de fotógrafo tendo como mestre, Virgílio Callegari
com quem travou uma grande amizade. Aos 18 anos Domingos serviu a Guarda
Nacional onde aprendeu enfermagem e foi Alferes. No ano de 1903, seu irmão
Salvador contraiu uma doença pulmonar e por recomendação do médico, devido ao
clima, mudou-se para Caxias e Domingos o acompanhou. A partir de 1904, Domingos
passou a alternar residência entre Caxias e Porto Alegre, permanecendo naquela
cidade por grandes períodos. Salvador morreu alguns anos depois, por volta de
1907 em Caxias, Domingos conheceu a jovem
Cecília Von Schlabrendorff Fonini com a qual começou a “fletar”.
Entre sua alternância de residência entre Caxias e Porto
Alegre, Domingos e Cecília, a partir do ano de 1908 passaram a trocar
correspondências através de cartões postais, com juras “discretas” de amor.

Nesse exemplo, assim é Caxias. Miscigenada desde o início
de sua história. Miscigenando-se cada vez mais em cada geração. Entre todas as
cidades de colonização italiana no Rio Grande do Sul, Caxias, seguramente é a que mais se miscigenou
e “coincidentemente” a que mais cresceu. Fruto de sonhos que geram o amor, seus
frutos e seus sonhos que novamente vão gerar amor. Um ciclo eterno e
miscigenado.
Enquanto durar o homem que tem seus sonhos de amor e seus
frutos.
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Nos românticos anos quarenta, o inverno de Caxias e sua beleza era um cenário natural para o nascimento de grandes paixões. |