"Little Boy" and "Fat Man"
a visão do inferno
Edição e texto; Renan C. Mancuso.
Fotografias: Forças Armadas dos EUA
É difícil imaginar a visão que 140 mil pessoas: crianças,
mulheres e homens, tiveram na manhã do dia 6 de Agosto de 1945. Um enorme
clarão, antes de serem fulminadas. O que serve de consolo é que dessas 140 mil,
70 mil delas tiveram morte instantânea, nada sofreram, mas ao restante, em
torno de 80 mil pessoas o sofrimento antes da morte, foi terrível. E aqueles
milhares que sobreviveram arrastaram pelo resto de suas vidas as cicatrizes no
corpo, pelos ferimentos e na alma, pela perda de forma tão terrível, de seus
parentes e amigos. "As cicatrizes da alma em sua eterna visão do inferno,
no dia em que o demônio desceu do céu". Após a segunda bomba, três dias
depois sobre Nagasaki matando mais 80 mil pessoas, só restou ao mundo implorar,
nunca mais. Nunca mais? Pensar em um mundo sem guerras que acompanham o homem desde
seus primórdios é quase uma utopia. Acreditar que a sofisticação para destruir
e matar seus inimigos tenha chegado ao seu limite em Hiroshima e Nagasaki,
também é utopia. Resta apenas esperar que o limite para a sofisticação
destruidora de seus inimigos seja o medo de sua própria destruição.