O nome Mancuso, em fotografias é reconhecido por sua representação
na documentação histórica fotográfica. Domingos Mancuso e seu filho, Reno Mancuso
deixaram para a posteridade um importante acervo histórico fotográfico,
principalmente pela visão, em seu tempo, do cenário apresentado e o que ele
representaria no futuro. Por essa razão, Domingos Mancuso foi considerado um
dos primeiros repórteres fotográficos do Rio Grande do Sul. O que se conhece
sobre Domingos Mancuso com relação as suas fotografias eram os retoques artísticos
que ele fazia para oferecer melhores imagens, mas o que pouco se sabe é que os
dons artísticos de Domingos estavam além das fotografias, pois Domingos também
pintava em tela e chegou a produzir dois ou três quadros pintados em óleo sobre
tela. Suas obras foram extraviadas, mas um de seus quadros permaneceu em família
durante algum tempo. Lembro nitidamente de como era. Uma cena noturna de uma
mulher com uma criança no colo a beira do mar revolto. A cena retratava a mulher
e o filho, esperando ansiosamente por seu marido, pescador, que certamente morreu
no mar. Não haviam relatos sobre o significado da pintura de meu avô, pois
jamais descreveu para alguém. Essa foi minha própria interpretação. Não sou um
poeta, mas as vezes me aventuro em ser e na época cheguei a escrever essa
interpretação em um poema. Ambos, tanto o quadro como o poema, perderam-se no
tempo, mas ficaram gravados em minha memória. A herança genética é forte e seus
traços passam de geração a geração pela eternidade. Meu avô deixou essa grande
herança genética que é o amor e dedicação a fotografia. De seus sete filhos,
apenas dois dedicaram-se profissional e integralmente, a fotografia, porém
todos sempre tiveram em, como forma de arte a pratica da fotografia de forma
amadora por todas suas vidas. De seus netos, o que tenho conhecimento é que
praticamente todos, também se dedicam a essa arte. A fotografia é arte e como todo
o dom artístico, sai de dentro da alma e geralmente vem acompanhado de outros e
que muitos herdaram, mesmo que sem jamais tentar expressar.
Entre os que eu convivi em meu meio, um
apresentava um promissor caminho a percorrer, chamava-se Sergio Prates Mancuso.
Era meu irmão, o quinto neto mais velho de Domingos e o segundo filho mais
velho de Reno. Os dons artísticos de Sergio revelaram-se logo na infância mas
não pôde aprofundá-los, pois foi diagnosticado já em seus primeiros anos de
vida, com uma doença cardíaca grave que lhe daria uma vida muito curta, no
máximo até sua adolescência. Sergio, sempre que poia, passava horas no estúdio de pai e adorava a fotografia, produziu várias fotos, era muito curioso e gostava muito de fazer experiências com relação a revelação de fotos pela fotossíntese. Sergio. morreu aos 17 anos em 1961 e deixou, além de
muita saudade, pequenos mas grandes e profundos traços gravados, de sua
vida, em algumas gravuras que desenhou durante sua infância e adolescência